terça-feira, 11 de novembro de 2008

Diário dos Mortos (2007) - Parte 1


Após um período bastante atribulado, consegui finalmente retornar as atividades blogueiras, escrevendo sobre um filme que só agora consegui assistir: Diário dos Mortos (Diary of the Dead / 2007), nova investida de George Romero em seus zumbis comedores de gente.

No emblemático anos de 1968 um inesperado e surpreendente acontecimento colocou em estado de desorientação os habitantes do planeta. Os mortos voltaram na forma de zumbis famintos por carne humana. Felizmente isso aconteceu apenas nas sessões de meia-noite que exibiam o filme de baixo orçamento A Noite dos Mortos Vivos (Night of the Living Dead), estréia do jovem diretor George A. Romero, então com 28 anos. A modesta produção pegava de surpresa o público dos filmes de horror, já cansado da desgastada fórmula de vampiros e castelos mal-assombrados dos ciclos ainda operantes das produtoras Hammer e AIP. Rompendo os paradigmas do gênero, os zumbis de Romero clamavam por uma revolução no cinema de horror, em sintonia com as modificações que aconteciam de modo abrupto e irreversível no status quo, deixando de cabelos em pé os conservadores. Nesse sentido A Noite dos Mortos Vivos, naquele momento, era um manifesto contra uma sociedade de excessos e consumismo, que mandava seus filhos para uma guerra distante e devorava a si mesma, numa forma extrema de desintegração. Os mortos, voltando para se alimentar dos vivos que os descartaram e virando de ponta-cabeça toda uma estrutura social é a resposta a isso.
Os filmes que deram continuação à saga dos zumbis foram o bem sucedido Despertar dos Mortos (Dawn of the Dead / 1978), Dia dos Mortos (1985) e Terra dos Mortos (2005). Todos enfocando a destruição do mundo contemporâneo pelos mortos sob vários aspectos, sempre mostrando algum grupo de sobreviventes tentando conviver com a nova situação.
Diário dos Mortos (2007) não foge à regra, mas se diferencia dos demais por uma construção narrativa diferente, o que dá fôlego a um tema que se tornara repetitivo. Romero retorna à situação-chave, quando os mortos retornam do descanso eterno para comer os vivos, deixando apavorada a população e perplexas as autoridades, que não conseguem controlar o caos social que rapidamente se espalha. Mesmo os meios de comunicação, inicialmente atuantes, acabam se mostrando ineficazes para dar conta de cobrir o fenômeno.

Continua...